Hoje quero caminhar com vocês por Paraty, conhecendo agora sobre sua extensão territorial, entender um pouco melhor sobre esse título de Patrimônio da Humanidade e no final, te contar algumas curiosidades do centro histórico. Vamos lá?
Este local (Paraty e Ilha Grande), antes de qualquer coisa, é o primeiro bem brasileiro inscrito na categoria de sítio misto, ou seja, cultural e natural. Para se ter uma ideia esse território abrange quase 149 mil hectares, e o centro histórico de Paraty se cerca de quatro áreas de conservação ambiental. Ali estão o Parque Nacional da Serra da Bocaina; o Parque Estadual da Ilha Grande; a Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul; e a Área de Proteção Ambiental de Cairuçu. Sua área de entorno, com mais de 407 mil hectares, possui 187 ilhas, grande parte coberta de vegetação primária, onde salta aos olhos rica diversidade marinha.
De acordo com o site do IPHAN (que é o nosso Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), um dos critérios que a UNESCO destacou deste espaço – Paraty e Ilha Grande – é de ser um local que é exemplo de interação humana com o meio ambiente. Seus sítios arqueológicos têm mais de mais de quatro mil anos, acreditam nisso? Então é claro, encontram-se até hoje vários vestígios da ocupação humana nos caminhos, como sambaquis, cavernas, estruturas subterrâneas ou submersas.
O território abriga duas terras indígenas, dois territórios quilombolas e 28 comunidades caiçaras, que vivem da relação com a natureza, da pesca artesanal e do manejo sustentável de espécies da biodiversidade. Essas comunidades tradicionais mantêm os modos de vida de seus antepassados, preservando a maior parte de suas relações culturais como, ritos, festividades e religiões, cujos elementos tangíveis e intangíveis contribuem para a caracterização do sistema cultural e a relação de seu modo de vida com o ambiente natural.
Um outro critério muito importante que a UNESCO também destacou é de conter os habitats naturais mais importantes e significativos para a conservação da diversidade biológica. Neste sentido, Paraty e Ilha Grande, que é um sítio misto, apresenta alto grau de espécies da fauna e da flora, assim como espécies raras do bioma Mata Atlântica. São 36 espécies vegetais consideradas raras, sendo 29 endêmicas. A área abrange cerca de 45% das aves da Mata Atlântica e 34% dos sapos e pererecas do bioma. Há registros de mamíferos raros e predadores, como a onça-pintada e o muriqui, o maior primata das Américas.
Mas afinal, e para que serve exatamente esse título, Maíra?
O título da Unesco cria um compromisso internacional de preservação do local. Assim, o planejamento de gestão compartilhada destes espaços, envolvem diversas representações locais inclusive, definindo assim uma matriz de responsabilidades de todos os parceiros. O plano mapeia riscos e aponta ações para minimizar possíveis ameaças ao valor universal excepcional de Paraty e Ilha Grande.
E você sabia?
A primeira candidatura de Paraty à Patrimônio da Humanidade foi apresentada em 2009 para a UNESCO, quando foi inscrita como paisagem cultural para concorrer ao título. A UNESCO não aceitou e assim tiveram que revisar o trabalho e com isso, expandiu-se seus limites, passando a incluir uma ampla área do ambiente natural e foi que em 2019, a candidatura saiu!
Gostou de saber esse tanto de coisa? agora vou te contar 4 curiosidades sobre o centro histórico:
- Barcos são símbolos de Paraty, pois a cidade nasceu como uma vila de pescadores.
- Paraty foi uma das primeiras cidades a serem projetadas com traçados urbanísticos bem definidos, no Brasil. As ruas foram traçadas, intencionalmente, em formato levemente circular, a fim de proteger os moradores de eventuais ataques “piratas”.
- Sabia que as águas que inundam ruas de Paraty são propositais? Uma série de ruas da cidade foram construídas abaixo do nível da maré mais alta pois diziam que era pra “limpar” a cidade tendo em vista que os dejetos eram despejados nas ruas, antigamente. Dá pra imaginar algo do tipo?
- Por toda Paraty é possível ver símbolos do catolicismo e da maçonaria. A cidade virou um dos berços maçônicos do Brasil nos anos de 1700. Nas construções, a decoração externa passa batida a quem não sabe identificar os símbolos, mas eles estão lá.
E ai, curtiu conhecer isso tudo? me conte aqui o que achou. Um beijo e até o próximo post!